A digitalização tridimensional de equipamentos salvos em bibliotecas virtuais e a possibilidade de fabricá-los conforme a necessidade promote reduzir os gastos com estoques
Uma das grandes dores de cabeça das indústrias é manter um estoque em bom estado. Por um lado, componentes de fabricação precisam estar disponíveis caso a linha de produção precise de reposição. Por outro, esses espaços exigem gastos com aluguéis e pessoal. Mesmo assim, alguns componentes estocados oxidam, ou estragam, formando um desperdício contínuo que fabricantes têm que custear.
No caso da indústria de Óleo & Gás, por exemplo, um componente que estraga em uma torre de extração pode comprometer toda uma operação. Milhares de barris de petróleo deixam de ser extraídos por dia, causando prejuízos milionários para as empresas. A solução é manter galpões com peças para reposição próximas a plataformas. Porém, peças metálicas em galpões próximos ao mar tendem a desgastar com a exposição à umidade. Ou seja, tanto o desafio quanto a solução geram um alto custo para a operação.
Os serviços de Indústria 4.0 buscam desenvolver soluções em automação, manufatura avançada e digitalização. Para o caso dos estoques, uma nova tendência tem surgido no mercado: os Estoques Digitais. A combinação de arquivos digitais 3D com Manufatura Aditiva (MA) permite que componentes de fabricação, peças e insumos variados sejam feitos conforme a demanda.
Primeiro, é preciso ter uma biblioteca de arquivos CAD 3D, as chamadas bibliotecas virtuais, geralmente geradas por softwares como o Solidworks. Se a peça for antiga e ainda não tiver seu desenho técnico digitalizado, não há problema, equipamentos de digitalização estão disponíveis no mercado para fazer a engenharia reversa do componente.
Segundo, o arquivo deve ser submetido a um processo de Manufatura Avançada. Imagine uma impressora 3D capaz de fabricar peças a partir da deposição de pó metálico, seguido de fusão a laser. É basicamente isso que a MA é capaz de fazer de forma automatizada. Existem também outros processos posteriores a fabricação, como a usinagem, o tratamento térmico e a eletroerosão a fio, que são empregados no processo para dar o acabamento final da peça.
O processo de “impressão 3D” de novas peças também é uma forma de os gerentes de operações pouparem tempo. Muitos componentes de fabricação são fornecidos por terceiros, ou até mesmo são importados do exterior e exigem todo um esforço orçamentário, logístico e burocrático até chegarem ao seu destino: o chão de fábrica. O Estoque Digital permite que o componente seja fabricado próximo a operação e quando a necessidade por aquela peça surgir, no lugar de trazer o componente fisicamente, tudo que precisa ser transportado é o arquivo digital de maneira remota. Os equipamentos de Manufatura Avançada fazem o restante do trabalho. Os Institutos SENAI de Inovação em Sistemas de Manufatura, por exemplo, contam com equipamentos de ponta para realizar essa “impressão”.
A melhor notícia é que a implementação de estoques digitais não está restrita à indústrias de um determinado porte, seja grande, pequena ou média. Também não há restrição de segmento. Como explica o pesquisador Moisés Felipe Teixeira, que a tecnologia permite fabricar componentes estruturais, geometrias complexas, diversos tipos de estruturas e acabamentos.. “Uma vez que temos o arquivo digitalizado, peças complexas podem ser produzidas com manufatura aditiva”, explica.
Uma vez que o processo não se limita a geometria, essa tendência pode ser aplicada a qualquer tipo de empresa. Não importa se o estoque digitalizado opera em indústrias automotivas, de energia, de tecnologia, construção civil, ou agropecuária. Todas podem se voltar para este recurso como uma forma de poupar tempo, reduzir custos e ganhar autonomia.
Embora empresas de grande porte, com altos custos de estocagem possam se beneficiar mais claramente dessa inovação, não há uma limitação. Por exemplo, pequenas indústrias podem investir em estoques digitais para reduzir a dependência de fornecedores, ou até mesmo o risco de ficar sem uma reposição de componentes.
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