A Quarta Revolução Industrial tem como fundamento a análise de dados para otimizar a produção. Cidades inteligentes, smart factory e a agricultura 4.0 dependem de grandes volumes de informações digitalizadas para tornar mais eficiente a gestão de municípios, fábricas e campos. Quanto mais dados uma organização tiver sobre um objeto ou área de atuação, maior será sua capacidade de entregar resultados.
O desenvolvimento de satélites tem um papel central nesse processo de modernização das indústrias. Essas tecnologias são instrumentos ideais para realizar o sensoriamento remoto, levantando informações sobre fenômenos meteorológicos, áreas geográficas e agrupamentos urbanas. Economistas do MIT chamam essa nova fase de desenvolvimento tecnológico de New Space, na qual organizações privadas se lançam na exploração espacial.
Dentro da economia New Space, a aplicação do sensoriamento remoto por meio de satélites é essencial. Essas tecnologias aprimoram os conhecimentos sobre determinada região, ao mesmo tempo que viabilizam o monitoramento em tempo real. Pegue o exemplo da agricultura, com imagens de satélites o produtor rural pode analisar a qualidade do solo, planejar a extensão do cultivo, monitorar o clima local e estimar os ganhos da colheita.
A partir desses dados de alta qualidade é possível guiar a tomada de decisão nas instituições de forma mais inteligente. A captação dos dados passa a ser automatizada, o que garante celeridade e maior controle sobre processos que podem alavancar os negócios.
Segundo relatório da Space Foundation, o valor da economia espacial global atingiu 424 bilhões de dólares em 2020. O crescimento foi de surpreendentes 70% ao longo de uma década. A tendência é que o setor continue crescendo de maneira consistente, com foco principalmente na fabricação de micro e nanossatélites.
De acordo com estudo publicado pela Trends Market Research, o “mercado de pequenos satélites” é o que mais tem a se beneficiar com a expansão da economia espacial. No relatório, a empresa afirma que o mercado de pequenos satélites foi responsável por uma receita de US$ 3,6 bilhões em 2018, que deverá gerar US$ 15,7 bilhões até 2026. Segundo a Trends Market, o mercado deve experimentar um crescimento de 20,1% de 2019 a 2026.
O principal motivo por trás do aumento da busca por satélites menores é a praticidade e custo reduzido dos projetos. Os satélites tradicionais pesam a partir de 3 toneladas e orbitam a 35 mil km do nível do mar, enquanto os nanossatélites pesam cerca de 20 quilos e ficam numa órbita mais próxima da Terra. O desenvolvimento dessas tecnologias menores entregam resultados similares aos grandes artefatos, em projetos de execução mais rápida e barata.
O satélite VCUB 1 mede somente 30 centímetros de comprimento e pesa aproximadamente 10 quilos. Ele é do tamanho de uma caixa de sapato. O pequenino representa uma grande conquista para o mercado espacial brasileiro, por ser o primeiro satélite privado do país, resultado de uma parceria com os Institutos SENAI de Inovação de Santa Catarina e a Visiona S.A.
Uma vez no espaço, o nanossatélite irá coletar informações sobre a atmosfera e solo do território nacional.
Os dados captados pelo VCUB 1 servirão de subsídio para a prática da agricultura de precisão, monitoramento de desmatamento, de enchentes e deslizamentos de encostas, assim como a consolidação do Cadastro Ambiental Rural. A qualidade das imagens também permitirá ao poder público melhorar o planejamento e a realização de serviços urbanos, implementando conceitos de smart cities.
Outro projeto de engenharia espacial com grande impacto sendo desenvolvido no Brasil é o Constelação Catarina. A iniciativa consiste na construção de uma frota de 12 nanossatélites para realizar o sensoriamento remoto do território e da atmosfera catarinense. A constelação está sendo conduzida pelo Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB) e a participação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
O projeto foi uma resposta ao ciclone-bomba que atingiu Santa Catarina em junho de 2020. Com o recurso tecnológico apoiados por satélites, as previsões meteorológicas ganham mais assertividade e para lidar com eventos ambientais extremos. Mas a Constelação Catarina não se limita a meteorologia, com o sensoriamento de informações que beneficia setores industriais nas áreas de metalomecânica, instrumentação, hardware, sistemas de automação, mecânica de precisão e agroindústria.
Devido a participação em projetos de desenvolvimento de satélites, Santa Catarina tem se consolidando como um polo da indústria aeroespacial. O crescimento desse setor da economia tem sido chamado de New Space, uma fase em que novos atores passam a capitanear a construção de tecnologias espaciais.
Na economia New Space, pequenos satélites e foguetes assumem o protagonismo e habilitam instituições menores a explorarem aplicações espaciais. O desenvolvimento do Constelação Catarina e do VCUB 1 coloca o ambiente de inovação do estado dentro do New Space, em uma posição de pioneirismo no Brasil. Essa nova fronteira do desenvolvimento tecnológico espacial pode alavancar os negócios das indústrias em todo o país.
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